Destino

Afinal, somos ou não somos donos do nosso destino?

Uns dizem que o destino a Deus pertence.
Outros há que afirmam sermos nós os únicos responsáveis por ele.
Não poderão ambos ter razão?

Certo é que a nossa vida segue o rumo que para ela escolhemos. Quer dizer, julgo que ninguém que vá tirar um curso de manicure pense que com isso se torna cirurgião, correcto? E mesmo em relação a pequenos pormenores, escolhas aparentemente mais simples, mudamos o curso da nossa vida, ainda que sem querer. Se ontem decidi jantar marisco em vez de carne e hoje estou com uma gastroenterite, não foi por ter feito uma escolha consciente nesse sentido, mas também não deixou de ser uma escolha minha! Quem mandou ser gulosa e querer marisco?
Obviamente que existem situações que estão muito além do nosso controle. Tomemos como exemplo um tsunami. Claro que ninguém fez por que acontecesse, mas as pessoas que sofreram com ele não terão feito uma série de escolhas que as levou a estar naquele local naquela data? Uns porque vivem lá, outros porque estavam lá a passar férias. Há muitas hipóteses.

Dizer que está tudo confinado à vontade de Deus parece-me demasiado limitador. Nós temos opções na vida, felizmente. Não somos marionetas. Compete-nos é saber escolher o melhor para nós. Mas por esse motivo dizermos que, pelo contrário, só nós temos responsabilidade em tudo o que acontece na nossa vida, é dar-nos demasiado crédito.
Existe o que para nós ainda é imprevisível. E existe também a vontade alheia. Se alguém tem um acidente na estrada, nem sempre é por sua culpa. Pode alguém vir a conduzir na perfeição e sem querer levar com um camião, capotar e morrer. E esse alguém até tinha escolhido a segurança...

O Destino será, portanto, uma das formas de nos aperfeiçoarmos e evoluirmos mediante o exercício da nossa vontade. Termos consciência de até que ponto somos ou não responsáveis pela vida que temos e podermos partir daí para melhorar.


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