Cristalomancia - Futuro na Bola de Cristal

cristalomancia


Certamente já tem a ideia de uma vidente sentada à mesa frente a uma bola de cristal com a qual prevê o futuro do consultante. E a bola de cristal é um instrumento muito popular das artes divinatórias, commumente associada às “bruxas”. Mas será que sabe mesmo do que se trata?



O que é cristalomancia?

Antes de mais convém esclarecer que cristalomancia consiste no uso de cristais ou outras pedras semipreciosas não apenas na predição do futuro mas também no vislumbre do presente. Assim, pode ser feita através do uso da conhecida bola de cristal, mas não obrigatoriamente com esta.

Mais, a cristalomancia também procede ao estudo dos cristais, suas propriedades e utilização, fornecendo assim elementos que permitem a utilização dos mesmos para outras situações, como a transmissão de energias, curas, etc.
A utilização da bola de cristal não tem nada de oculto ou demoníaco, como muitas vezes se quer fazer parecer. Não acontecem fenómenos extraordinários devido à sua utilização.

Convém ainda referir que, ainda que este método seja sobretudo associado à adivinhação do futuro, a cristalomancia pode igualmente ser utilizada para olhar para o passado. Através deste método é possível fazer regressões e conhecer vidas passadas.
É também possível usar a bola de cristal não para conhecer presente, passado ou futuro, mas apenas como uma forma de comunicação com o nosso próprio mundo interior, portanto, como um veículo de auto-conhecimento.

Facto é que a adivinhação por meio de cristais ou superfícies com reflexo, como a água, é um dos métodos mais antigos e conhecidos. Já os sacerdotes egípcios utilizavam esferas de cristal de rocha para predizer o futuro. Mas foi com Isabel I de Inglaterra e a nomeação de Jhon Dee seu conselheiro e astrólogo real que a fama da bola de cristal cresceu.




A bola de cristal

Embora seja realmente possível usar-se qualquer tipo de cristal, verdade é que a dita bola de cristal é realmente a da maior preferência entre os videntes que se dedicam à prática.
E o que é a bola de cristal?

Falamos de uma esfera que na maior parte dos casos é feita de quartzo. Pode também ser de água-marinha, ou obsidiana entre outras pedras conhecidas por serem das melhores emissoras de  energia. 
O cristal deve ser escolhido com algum primor na medida em que pode ter influência no processo a realizar.
Independentemente da pedra de que é feita a bola deve ser preferencialmente transparente e completamente polida, sem qualquer tipo de falhas ou fendas, pois só assim se consegue obter uma observação clara das figuras, das formas e das cores que nela se possam mostrar.
Usa-se o formato da bola porque nos objectos esféricos centralizam-se os fluidos, significando assim uma maior presença das energias. A bola de cristal aqui será um instrumento que aumenta as capacidades intuitivas do leitor.

Este “poder” de adivinhar que é atribuído ao cristal nada tem de mágico ou sobrenatural. Trata-se antes das suas propriedades naturais em conjugação com a capacidade intuitiva do ser humano. A vibração que emana dos cristais permite-nos sintonizar com o lado espiritual.

cristal ball



Como utilizar a bola de cristal

Uma vez que o processo de leitura da bola de cristal tem uma forte componente intuitiva, para conseguir uma leitura viável o leitor deve ter algum desenvolvimento espiritual. No entanto, o próprio cristal poderá também servir como um instrumento de evolução, na medida em que permite trabalhar a intuição e, consequentemente, a melhorar a saúde espiritual da pessoa.
Muitos utilizam cristais na cabeceira da cama ou pendurados no pescoço, ajudando assim a equilibrar as suas energias.

Receber, sentir e compreender os sinais emitidos pelo cristal não é tarefa fácil. É necessária muita prática, o que implica muito estudo e disciplina para alcançar resultados satisfatórios. 
Esta leitura exige um grande nível de concentração e sensibilidade que raramente é alcançável numa primeira tentativa.
Por outro lado, a prática desta leitura ajuda a melhorar outras habilidades, nomeadamente visuais e auditivas, proporcionando assim a que pessoa desenvolva um pouco a sua clarividência e/ou clariaudiência.

Como em qualquer outro método semelhante, a sessão deve ser precedida de um preparo tanto em relação ao utensílio - a bola - como ao ambiente e a si mesmo. Exige-se calma e tranquilidade, portanto, um ambiente que facilite a concentração, mas também um estado de espírito propicio. 
O leitor deve estar calmo e relaxado.
No que respeita ao cristal em si mesmo, deve ser tratado como qualquer outro cristal com qualquer outro propósito - lavado, vazio de energias negativas que o possam impregnar.  
Existem várias técnicas de limpeza dos cristais, bastando que escolha a que melhor se adequa a si e ao seu propósito.

De resto, e uma vez que não existe propriamente um manual de instruções que o ajude a interpretar as imagens, é praticar e deixar que a sua intuição o ajude da forma mais clara possível. Melhor mesmo é começar a praticar!



REGISTROS AKÁSHICOS


O que são?
Segundo o hinduísmo, de onde provém a sua origem (do sânscrito Akasha é o éter ou céu), bem como de diversas outras correntes, os Registros Akáshicos são uma espécie de biblioteca mística onde está guardado todo o conhecimento presente, passado e futuro de todo o Universo.
Aí podemos encontrar literalmente tudo, desde ações a pensamentos e emoções, sejam de grande ou pequena dimensão, não somente de cada alma do planeta Terra mas também de outros sistemas planetários. Tudo o que acontece, ainda que no planosubtil, é guardado na corrente energética do cosmos, pois tudo é energia. Akasha é a substância primária a partir da qual todas as coisas são formadas.
Qualquer pessoa se pode ligar a essa fonte de conhecimento e tal ligação pode permitir compreender situações presentes, responder a dúvidas sobre a sua existência, ou outras questões necessárias para a sua evolução enquanto ser humano. No entanto certos conhecimentos só serão revelados no momento em que a pessoa estiver preparada para os receber. Até porque muitas vezes acontecerá que as respostas obtidas serão contrárias às esperadas pelo indivíduo.

Registros Akáshicos pessoais
Ao deixar o seu ponto de origem (nomeadamente pela encarnação) e até ao momento de retorno ao mesmo, a alma grava toda a forma energética gerada por cada experiência vivida nos seus Registros Akáshicos. Estes são uma das ferramentas mais poderosas disponíveis para nos ajudar a recordar a nossa condição de unidade com o divino.
Quando ascendemos ao conhecimento dos Registros Akáshicos abrimos um canal de comunicação direta com os nossos Mestres. Tais registros permitem-nos perceber as nossas limitações, reconhecimento esse que nos ajuda a expandir a nossa consciência e relembrar quem somos na nossa verdadeira essência

akashaComo aceder aos Registros Akáshicos?
Para ter acesso à informação contida nos Registros Akáshicos o indivíduo deve estar preparado, portanto, equilibrado o suficiente para se manter em determinado estado vibracional e compreender a informação transmitida.
Não se tem acesso aos Registros Akáshicos por mera curiosidade ou divertimento. A informação neles guardada é permitida apenas para a cura, seja ela individual ou global. Estes registros são sagrados e são protegidos por seres superiores que poderão ou não permitir esse acesso. A informação a receber é condicionada com uma espécie de seleção prévia e apresentada por uma conexão telepática com o guardião da “biblioteca”.
Para podermos atingir esse conhecimento necessitamos de praticar um recolhimento diário. No entanto o acesso acontece por norma em pleno estado de consciência e não em estado de transe, como muitos supõem.

Como é recebida a informação?
A informação é dada ao indivíduo da mesma forma que numa meditação ou canalização. Pode conter imagens, sejam elas diretas ou simbólicas, sons ou a mera impressão de “saber”.
Quando a sintonia ocorre podemos observar a carga energética que circunda os acontecimentos, o que os torna mais fáceis de identificar. Isso acontece particularmente com eventos marcantes no Universo ou no planeta, como uma guerra ou uma destruição maciça causada por um desastre natural.
Muitas pessoas já tiveram acesso aos seus Registros Akáshicos sem se aperceberem. Isso pode acontecer por intuição, pelo que para muitos é difícil de associar pequenos vislumbres intuitivos a um acesso a algo tão importante. Mas a verdade é que quando a informação nos é necessária em determinada etapa da evolução espiritual, guias e mestres fazem com que a mesma nos chegue.

Registros Akáshicos do futuro e o livre arbítrio
registos akashicosParece uma contradição dizer que possam coexistir acontecimentos já marcados na linha temporal futura e o livre arbítrio. Mas na verdade é algo bem simples.
O tempo como nós o experienciamos enquanto no corpo físico é mera ilusão. Ele não passa de um tipo de perceção da realidade em que existimos. E como sabemos, muitas das nossas perceções podem ser erróneas. Tal como a ilusão de ótica, outras existem, sendo esse o caso da nossa noção de tempo.
Por outro lado os Registros Akáshicos não são imutáveis. Eles mudam, evoluem. Tal como nós próprios mudamos e evoluímos, os nossos registros vão alterando com as nossas escolhas e atitudes. Este é um dos motivos pelo que os Registros Akáshicos não servem para adivinhar o futuro. Mas se ao aceder a eles se deparar com uma realidade futura que julgue deva ser alterada para o seu bem ou para o bem geral, o seu livre arbítrio vai permitir-lhe “mudar a história”.


Curioso para aceder os seus Registros Akáshicos?


ANKH ou Cruz Egípcia


cruz egipciaSímbolo com origem no Egipto, Ankh é um hieróglifo que representa a vida. Abrangente como o termo “vida” em si mesmo, Ankh é desenhado como a união do feminino (a parte oval) com o masculino (a cruz), o entrelaçar de ambos, resultando, portanto, na fertilidade, na criação da vida. 
Para os Egípcios era também símbolo de duas importantes divindades, Ísis (a mãe) e Osíris (seu esposo), geradores da Terra e do Céu, logo Ankh tem também a conotação de conhecimento cósmico. Mais, sendo Ísis a deusa que dá a vida (que inclusive ressuscitou Osíris da morte) e Osíris o deus da vida após a morte (aquele que procedia ao julgamento dos mortos), Ankh acata ainda a simbologia da vida eterna, a vida após a morte.
ankh
Por ser comummente representado nas mãos das divindades, o símbolo de Ankh associou-se ainda à ideia de “chave”, conferindo àquele que a carregava ou àquele que possivelmente a receberia a possibilidade de alcançar a vida eterna, de alcançar o conhecimento superior da vida. Daí, provavelmente, o ser frequentemente encontrado nos túmulos egípcios. A “chave” permitia ao falecido abrir as portas do além. Pretendia-se que o morto encontrasse o caminho certo na vida após a morte e, quem sabe, perante o julgamento de Osíris e o poder de Ísis, a ressurreição, crença generalizada naquela cultura.

Chegou a ser negativamente conotado com práticas ditas satânicas ou de magia negra, mas na verdade foi um símbolo adoptado por inúmeras culturas e sub-culturas sem por isso perder a base do seu significado.
Ainda nos nossos dias se encontra Ankh como representação da eternidade da alma. É utilizado em rituais de saúde e fertilidade e de forma mais generalista como um amuleto protector.

Bem ou mal utilizado, bem ou mal visto, com diversos nomes distintos, certo é que Ankh ficou associado à simbologia da imortalidade, da longevidade.


Reencarnação - o Caso Shanti Devi

Este é parte de um texto retirado do blog Espiritismo a Sério. Transcrevo-o por dar uma boa perspectiva do tema da reencarnação.

Shanti Devi

(...) Shanti Devi nasceu em 1926, na antiga capital da nação, Delhi.(...) Quando chegou à idade de três anos, seus pais se divertiam muito porque, repetidamente, ela falava a respeito de seus maridos e seus filhos.
- Ela vai se casar cedo - brincou o pai - Precisamos ir preparando o dote. Até já comprei uma pulseira de ouro para o dia das bodas.
- Fico muito satisfeita com o que ela diz, pois é uma prova que vê que somos felizes, e quer ter uma vida igual à nossa - observou a mãe.
À medida que iam passando os meses, Shanti falava cada vez mais sobre o “marido” e os “filhos”. Sua teimosia em se apegar àquilo, em vez de se interessar pelos assuntos que dizem respeito às criancinhas, acabou preocupando os pais.
- Quem é esse marido de quem você tanto fala? – perguntou-lhe a mãe.
- O nome do meu marido é Kedarnath – respondeu a menina, sem hesitação. – Ele mora em Mutra. A nossa casa é de estuque amarelo, com enormes portas em arco e janelas de treliça. O nosso jardim é grande e cheio de cravos-de-defunto e jasmins. Grandes galhos de buganvília vermelha sobem pela casa. Muitas vezes nós nos sentávamos na varanda, olhando o nosso filhinho brincar no chão ladrilhado. Nossos filhos ainda estão lá com o pai.
Os pais de Shanti foram ficando cada vez mais preocupados. Perceberam que não se tratava de uma criança normal. Com medo de que a filha estivesse louca, levaram-na ao médico da família.
O Dr. Reddy, que fora alertado sobre o problema, assegurou aos pais que Shanti era uma criança normal e muito inteligente, que inventara aquelas conversas para chamar a atenção. Com a vantagem que lhe dava a sua qualidade de médico, iria fazê-la confessar que inventara aquelas fantasias - prometeu.
Shanti, metida em seu pequeno sari, sentou-se na dura cadeira de madeira do médico e cruzou os braços, enquanto respondia às perguntas do Dr. Reddy. Repetiu tudo o que dissera antes aos pais.
-Então, como é que você não passa de uma menininha? - perguntou o médico.
-Sabe de uma coisa?-retrucou Shanti.- Eu me chamava Ludgi e morri há cerca de um ano, quando dava à luz outro filho.
O médico e os pais entreolharam-se.
- Continue – convidou o Dr. Reddy. – Conte tudo mais.
- A minha gravidez foi difícil desde o começo – continuou a menina. – Não me sentia bem, e quando vi que se aproximava o dia, comecei a ter medo de não estar em condições. Sentia-me cada vez pior, e, quando ocorreu o parto, a criança estava em posição invertida. Ela escapou, mas eu morri.
A todas as perguntas do médico, a menina dava respostas pertinentes.
Shanti foi levada para fora do consultório por uma enfermeira, enquanto o Dr. Reddy conversava com os pais. Era de todo impossível – concordaram - que aquela filha única, educada com tanto recato, tivesse em mente tão impressionantes pormenores de uma gravidez difícil.
Nos quatro anos seguintes, os alarmados pais levaram Shanti de um médico a outro. Todos eles ficavam estupefatos, sem encontrar explicação para o caso.
Quando a menina tinha oito anos, seu tio-avô, o Professor Kishen Chand, resolveu tomar o problema em suas próprias mãos.(...)o professor escreveu uma carta, contendo perguntas pertinentes, e enviou-a ao endereço que Shanti tantas vezes mencionara durante os interrogatórios.
Quando a carta chegou a Mutra, foi aberta e lida por um estupefato viúvo chamado Kedarnath. Os fatos eram estarreedores, pois, na verdade, ele ainda estava sofrendo com a perda de sua esposa. No entanto, embora fosse um devoto hindu, não podia admitir que Ludgi tivesse renascido e vivesse em Delhi, lembrando-se nitidamente de sua vida em comum.
Desconfiado de algum plano sinistro, talvez visando lesá-lo, Kedarnath escreve a um primo, o Sr. Lal, que morava em Delhi, pedindo-lhe para entrar em contato com Shanti e sua família. O primo, que estivera muitas vezes em casa de Kedarnath quando Ludgi estava viva, poderia interrogar a criança, para provar que ela era uma impostora e seus pais desprezíveis chantagistas.
Pretextando negócios, Lal marcou um encontro com Devi em sua casa. Quando lá chegou, Shanti, que tinha então nove anos, estava ajudando a mãe a preparar uma sopa de legumes, e foi abrir a porta para o visitante.
A Sra. Devi ouviu um grito abafado e foi ver o motivo. Shanti atirara-se aos braços do estupefato visitante.
-Mamãe!-exclamou, soluçando de emoção.- Este é um primo de meu marido. Morava não muito longe de nós em Mutra e depois se mudou para Delhi. Estou tão alegre de vê-lo! Entre, entre!- acrescentou, dirigindo ao recém-vindo. – Quero saber notícias de meu marido e de meus filhos.
Naquele momento, apareceu Devi, todos os quatros entraram e iniciaram a mais incrível e agitada das conversas. Lal confirmou todos os fatos que Shanti vinha contando há anos. Havia, realmente, um Kedarnath que se casara com uma jovem, Ludgi. Sua esposa tivera dois filhos, pelo mais moço dos quais tinha uma predileção acentuada, até que morreu de parto, quando ia ter o terceiro. Shanti concordava, com uma indicação de cabeça, enquanto Lal falava.
O professor Chand foi chamado para se juntar ao grupo, e cooperar para que fossem tomadas as providências adequadas. Ficou decidido que Kedarnath e o filho predileto iriam a Delhi, como hóspedes dos Devi.
Quando chegaram, o filho de Kedarnath quase foi derrubado pela menina, menor do que ele, que tentava carrega-lo e o cobria de beijos, chamando-o pelos apelidos carinhosos, que o menino já havia quase esquecido. Quanto a Kedarnath, Shanti o tratou como se fosse uma adulta, como uma esposa submissa, fazendo questão de servi-lhe queijo e biscoitos, com os mesmos modos cerimoniosos característicos de Ludgi. Os olhos de Kedarnath encheram-se de lágrimas. Comovida, Shanti procurou consolá-lo, com palavras carinhosas, que somente Ludgi e o marido conheciam.
Apesar da insistência de Shanti, Kedarnath negou-se a deixar o filho com a família Devi. No fundo, aterrorizados com os estranhos acontecimentos, pai e filho regressaram a Mutra, a fim de refletirem sobre o caso.(...)
Chegou-se à conclusão de que o mais aconselhável seria levar Shanti a Mutra, e mostrar-lhe a casa onde ela afirmava ter vivido e morrido.
Um pequeno grupo tomou o trem, rumo a Mutra: Shanti, seus pais, Gupta, um advogado chamado Tara C. Mathur, assim como cientistas, repórteres e outras pessoas gratas.
Quando o trem chegou à estação, Shanti deu um grito de alegria e começou a acenar para várias pessoas que se encontravam na plataforma. Explicou, corretamente, quais eram os pais do seu marido. Depois de descer do trem, conversou com eles, fazendo perguntas pertinentes, e falando não o hindustani, que havia aprendido em Delhi, mas o dialeto da região de Mutra.
Os viajantes vindos de Delhi entraram nos carros que os esperavam, e começou uma das provas mais decisivas: saber se Shanti conhecia o caminho de sua suposta casa. Obedecendo às instruções da menina, seguiram por ruas estreitas e tortuosas, assustando os pedestres e as vacas sagradas que dormiam pacatamente nas portas das casas. Por duas vezes, Shanti hesitou antes de ensinar o caminho, pedindo que lhe desse algum tempo para refletir, mas indicou, afinal, em ambos os casos, a direção correta.
Enfim, mandou parar.
-A casa é esta – disse - Mas a cor é diferente. No meu tempo, era amarela. Agora é branca.
Não podia haver dúvida. Kedarnath e seus filhos, porém, já não moravam ali, e os novos ocupantes negaram-se a deixar a comissão examinar o prédio.
A pedido de Shanti, ela foi levada à casa onde Kedarnath passara a residir. Lá chegando, chamou os dois meninos pelo nome, mas não reconheceu a criança cujo nascimento custara a vida de Ludgi.
Em seguida, Shanti foi à casa da mãe de Ludgi, uma velha que ficou confusa e aterrorizada com aquela menina que agia como Ludgi, falava como Ludgi e sabia de coisas que só Ludgi conhecia. No entanto, ainda chorando a morte da filha, lembrou todos os detalhes de seu falecimento e dos funerais.Era demais, para a mente perplexa e cansada da velha.
Quando perguntaram a Shanti se nada mudara na casa de sua mãe, ela respondeu prontamente que não estava mais vendo o poço. Gupta mandou escavar o local que ela indicou, e foi realmente encontrado um poço, coberto com tábuas e cheio de lama.
Kedarnath perguntou a Shanti o que Ludgi fizera com vários anéis que ela escondera antes de morrer. Shanti respondeu que ela os pusera em um pote, que enterrara no jardim da casa em que moravam.A comissão de investigação encontrou, realmente, as jóias no local indicado por Shanti. (...) Evidentemente, Shanti não podia assumir o papel de mãe de meninos mais velhos do que ela, e seu amado Kedarnath aproximava-se dela com apreensão, e não com afeto.
Shanti compreendeu que estava vivendo em dois mundos e que, embora se sentisse atraída pelo passado, esse era mais penoso e difícil que o presente. Aceitando o conselho de outros, aos poucos, com esforço e sofrimento, afastou-se de sua família de Mutra e tratou de viver como uma jovem em Delhi.
Em 1958, cerca de um quarto de século mais tarde, um operoso repórter reabriu o seu caso. Encontrou Shanti levando uma vida tranqüila e discreta, como funcionária pública em Delhi. Jornais em todo mundo relembraram o caso, mas Shanti negou-se a fornecer novos esclarecimentos.
- Não quero reviver minhas vidas passadas, seja esta, seja minha existência anterior em Mutra – disse ela. – Foi muito difícil para mim dominar a vontade de voltar à minha família. Não desejo reabrir aquela porta fechada.
O Professor Indra Sem, da Sri Aurobindo Ashram (Retito Sagrado), de Pondicherry, tem toda a documentação do inexplicável caso de Shanti Devi. Os cientistas e letrados que estudaram o caso só puderam dizer, com certeza, duas coisas: uma menina, nascida em Delhi, no ano de 1926, sabia de fatos positivos acerca de uma mulher que morreu em 1925, e forneceu informações minuciosas e corretas acerca da família da morta e da cidade de Mutra, situada a muitas centenas de milhas de distância.”


shanti devi