Tradição chinesa de harmonia da
vida com o Tao, o Taoismo pode ser visto como uma
religião ou uma filosofia, conforme as diferentes escolas e movimentos. É uma
forma de vida que não se enquadra bem nos parâmetros Ocidentais de religião,
mas reconhecida como tal pela República Popular da China.
Não querendo aprofundar a sua
história menciono apenas que é uma tradição com milhares de anos que defende na
sua essência o facto de, enquanto seres naturais, não necessitarmos de qualquer
orientação centralizada, regulamentada. Embora partilhe com este alguns valores, é contrário ao Confucionismo, que indica
que devemos todos seguir as mesmas regras, a mesma moral.
Dos seus fundadores destaca-se Lao Zi, que terá sido um personagem
“revoltado” com o governo, para o qual trabalhava, e que considerava tirano.
Acabou por se demitir e passou a transmitir aos demais a ideia de viver uma
vida simples.
O Taoismo fundamenta-se num
sistema politeísta de antigas crenças místicas aplicado a essa vida simples que
nos ensina a agir de acordo com a nossa natureza e abandonar a ideia de viver
pela força. A actividade principal do taoista está na mente, pela qual deve aprimorar
a sua relação com o Universo. E, tal como no Budismo, o desapego, ou o abandono
do desejo, é condição para a felicidade.
O Taoismo vê todas as coisas como
interdependentes e constantemente mutáveis, pelo que a compreensão de uma coisa
é a compreensão dela no momento presente. Tem na base também o dualismo,
normalmente conhecido pelo seu símbolo do Yin-Yang. Ambos são parte do todo,
portanto inseparáveis, ainda que contrários.
Parte do Tao assenta no Wu Wei,
ou “agir pelo não agir”, a prática de realização pela acção mínima. Basicamente
consiste em aceitar a nossa natureza em vez de lutar contra ela, pois a nossa
condição enquanto ser humano é perfeitamente adaptada à nossa vivência. Isto
não é o mesmo que ficar à espera que as coisas aconteçam do nada, mas o
influenciar com maior facilidade o mundo à nossa volta pela compreensão e aceitação do mesmo como ele é.
O Taoismo não pretende descobrir
as causas das coisas, mas aceitá-las como são. É anti-intelectual na medida em
que não racionaliza a vida, mas apenas a contempla, pois se é permitido que
algo exista em harmonia com o Universo, então existe paz. Isto porque tudo o que
existe provém de uma única fonte universal, o Tao, ou caminho, o princípio
supremo gerador de todas as coisas.
O Tao e o
Tao Te Ching
Antes de tudo havia o Tao, que
deu origem a Yin e a Yang. A partir daí tudo o que teve origem passou a
comportar estes dois princípios, que em si mesmos contêm a semente um do outro,
já que indissociáveis.
O Tao é ao mesmo tempo a essência
de tudo e o caminho para essa essência. Liga-se ao Te, o seu próprio poder de
realização de todas as coisas, ou a vida, daí a sua principal escritura se
intitular Tao Te Ching, o Livro do Caminho da Vida.
Composto por mais de cinco mil
símbolos o Tao Te Ching preocupa-se com a vida na sua vertente prática, embora
também comporte algumas orientações sociais. O seu tema principal é o Tao e
como alcançá-lo.
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