Vegetarianismo e Espiritualidade

Esta é uma questão bastante controversa – o ser dedicado à evolução espiritual deve ou não ser vegetariano? Se uns imediatamente respondem que sim, como que de uma verdade irrefutável se tratasse, outros dirão que nem por isso. Então em que ficamos?

Parece-me que melhor é analisar:

É verdade que o vegetarianismo se liga à questão espiritual. Sem dúvida que o despertar espiritual, que por si só parece deixar a pessoa “mais leve”, acaba por induzir à necessidade de alterar a alimentação, pois o corpo, mesmo sem nós darmos por isso, vai mudando, e exigindo de nós outro tipo de comportamentos. Mas será o vegetarianismo obrigatório?

No que respeita a certas religiões ou doutrinas o vegetarianismo é, sim, obrigatório, já que consideram toda a vida sagrada. No entanto aqui sou obrigada a lembrar que também o mundo vegetal é composto de seres vivos. Logo, pela lógica, nem das plantas podemos viver…

Exigir de alguém tornar-se vegetariano é, por esse motivo, hipocrisia. Tal como é hipocrisia deixar de comer carne devido às condições em que os animais são criados já com o destino de ser consumidos, mas comer à mesma peixe criado em viveiros. E também me parece hipócrita falar em ser vegetariano só porque não devemos matar, pois todos os animais matam para se alimentar e assim poder sobreviver.

Dá para perceber o porquê de este assunto para mim ser controverso…

Não, eu não concordo com o que se faz aos animais com a desculpa da alimentação. Mas uma pessoa que passe uma tarde no rio a pescar e que aproveita o que pescou para o jantar é pior do que o urso que vai para o rio alimentar-se de salmão? Não me parece!

É verdade que a consciência de uma planta é supostamente diferente da de um animal, ou assim nos diz a ciência. Mas é por isso então que devemos conversar com as nossas plantas? Porque lhes somos indiferentes?

Devo dizer que, ainda que não pareça, eu concordo com o vegetarianismo, sim. Acredito que uma dieta vegetariana provoque significativas mudanças no corpo humano, mudanças essas não apenas a nível físico, mas também mental, emocional e, claro, espiritual.

Todos nós sabemos a sensação de enfartamento, normalmente muito fácil de atingir com carnes vermelhas ou enchidos, entre outros. E essa sensação não é benéfica para nós. Nomeadamente porque nos retira energia, logo entorpece as nossas ações e pensamentos. Além disso, frutas e vegetais comportam maior energia vital, até porque os comemos ainda frescos, enquanto a carne já está em decomposição quando a ingerimos.

O vegetarianismo é também uma forma de desintoxicação do corpo. E as toxinas presentes no nosso corpo atrapalham a mente, pois deturpam a nossa clareza de pensamento, logo atrapalham a evolução espiritual. Concluímos, portanto, que o vegetarianismo se torna um passo importante para a nossa demanda evolutiva. Aliás, torna-se um exercício diário de evolução, já que é uma escolha de respeito pelos animais, uma escolha ecológica, e também uma escolha de respeito por si mesmo. O vegetarianismo ajuda a purificar o corpo astral tanto quanto o físico.

Agora, serão estes motivos suficientes?

A mim parece-me que sim. Só que também me parece que, acima de tudo, esta deve ser uma escolha da própria pessoa. Não deve ser imposta por doutrina nem por qualquer outro motivo.

Como disse atrás, a própria evolução acaba por induzir a pessoa a alterar certos hábitos. E não somente a alimentação. Isso também acontece com o deixar de fumar, deixar de roer unhas e até outras pequenas atitudes que muitas vezes nem nos damos conta de ter. E julgo que deve ser assim que deve acontecer. Um processo natural de mudança por opção, não por imposição.

Terminando, e porque não quero ser hipócrita, resta-me acrescentar que, mesmo sendo a favor, eu não sou vegetariana. Por uma série de motivos pessoais que julgo não terem nada a acrescentar ao blog.

O que faço hoje é reduzir ao máximo o consumo de carne e peixe, principalmente carne vermelha. Muita sopa e cereais e muitas vezes a soja a fazer a base do prato. Mas vegetariana, embora quisesse, não sou.