A discussão
sobre os Orixás é grande e dificilmente podemos concluir se falamos de deuses
ou não. Diferentes teorias dividem os historiadores e qualquer delas é válida,
pelo que a forma como os podemos considerar varia apenas em função das nossas
próprias crenças.
Vistos
como divindades geradas pelo mesmo Deus (sendo que este varia conforme a tradição),
é-nos dito que os Orixás serão ancestrais africanos divinizados. Ou seja,
ancestrais que durante a sua vida estabeleceram determinados vínculos que lhes
permitiram ganhar controlo sobre determinadas forças naturais, como seja o
vento ou a água.
Posteriormente
à sua morte, o Axé (a sua energia) conseguiria encarnar num dos seus
descendentes (Eleguns) em momentos de possessão. Devido a esta faculdade o Orixá
é considerado, em África, um bem de família transmitido pelos chefes das mesmas
(os Balés), que delegam a responsabilidade do culto a um guardião (Alaaxé).
Os Orixás
terão sido levados para a América pelos escravos africanos, sendo bem
representados no Brasil e em
Cuba. Mas entretanto o Orixá terá perdido o seu carácter de
ancestral sendo hoje objecto de culto não somente por descendentes de Yorubás
(etnia), mas também por brancos e mestiços sem qualquer relação de linhagem. O
Orixá tornou-se um guia espiritual que escolhe normalmente os seus “filhos”
consoante as próprias características destes sejam mais ou menos semelhantes às
suas. Os Orixás manifestam-se, tal como nós, por meio de emoções, sendo por
isso muito importante a afinidade que possam ter com aqueles em que encarnam.
A
diferença entre ver os Orixás como deuses, divindades ou ancestrais tem que ver
com a religião seguida. O culto dos Orixás é feito no Candomblé, na Quimbanda e
na Umbanda, sendo esta última possivelmente a mais conhecida em Portugal. No
Candomblé os Orixás são vistos como deuses. Nas outras duas,
no entanto, aparecem como espíritos ancestrais bem antigos ao lado dos quais
podem aparecer outras entidades mais recentes.
Existirão
assim alguns Orixás que terão feito parte da criação do mundo e após a qual se
terão retirado.
É imenso
o leque de Orixás, cada um com suas características psicológicas e com símbolos
próprios, como determinadas cores ou cantigas e até se diferenciam pela sua
preferência por determinados horários ou ambientes. Mas uma divisão básica
agrupa os Orixás pela sua relação com determinado elemento da natureza. Diz-nos
a Umbanda que as forças da natureza são o referencial do plano astral superior
em que os Orixás habitam, ou Aruanda.
Cultuar
um Orixá é ao mesmo tempo prestar culto a determinada força da natureza, cujo
equilíbrio nos pode ajudar no nosso dia a dia pela energia (Axé) gerada. O Orixá
ajuda-nos a sentir e a manipular essa energia.
Entre os
inúmeros Orixás que existem os mais conhecidos são:
EXU – o senhor
dos caminhos, Exu é um mensageiro e um vencedor. Considerado o Orixá das causas
materiais por estar mais próximo da realidade humana.
OGUM – o guerreiro
e ferreiro, senhor dos metais, é o lutador e o trabalhador. A sua espada, por
si mesmo forjada, está sempre pronta para o ataque, seja para lutar ou caçar.
EWÁ – a rainha
dos mistérios e da magia, com o poder de ler os Búzios, Ewá é o Orixá da chuva,
ligada às transformações geradas pelas águas e que comanda os astros.
OXUM –
rainha do amor, do ouro e da água doce (rios e cachoeiras), é progenitora e provedora, sempre a atender as necessidades
dos outros.
IEMANJÁ –
rainha dos mares, considerada como a mãe dos Orixás, Iemanjá é o Orixá da
harmonia em família. Ela
é o oceano que tudo gera e representa o encontro da água doce dos rios e
salgada no mar.
OXALÁ – o
mais velho e o primeiro a ser criado, Oxalá é considerado o pai de todos os
Orixás. É o responsável pela criação do mundo e dos seres humanos, o Orixá da
agricultura, governante da vida. Patrono da sabedoria, preside ao nascimento e à
morte.
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