Livro de Yoga

Hoje trago breve trechos do "Livro de Yoga", de Swami Maitreyananda. Não porque queira "impingir" a obra a ninguém, nem o próprio Yoga, mas porque nas suas declarações iniciais sobre o que é o Yoga encontro palavras que em tudo se adequam a este espaço, ao que pretendo com ele e àquilo em que acredito.

Já falei anterior e muito brevemente sobre Yoga. Tentarei abordar novamente o assunto. Para já fico-me pelas palavras do já referido livro aproveitando as boas explicações dadas:

                                   

"(...)
O Yoga é uma ciência, uma arte e uma filosofia de vida psicofísica-espiritual que integra estes três planos da existência do ser humano entre si e o indivíduo com o Universo, o Supremo, o Deus ou o Todo, mediante o SAMADHI ou estados plenitude existencial, de felicidade, de sorte.
A primeira técnica ensinada nos Sutras foi o viyoga ou seja a capacidade de separar o espiritual da mente e do corpo. Nós somos o que sentimos, porque nosso espiritual é o que se sente num determinado momento, gerando um estado afectivo.
O Yoga ensina a desenvolver a inteligência espiritual do ser humano, entendendo-a como a capacidade de adaptação afectiva, sentimental e anímica de um indivíduo ao seu meio. Esta capacidade de adaptação espiritual permite ao yogui ultrapassar sentimentos e situações que para outras pessoas seriam insuportáveis.
O yogui, como qualquer praticante de Yoga, aprende a sentir. Começa a entender e a aprender que ele não é só o que pensa ou crê (mente) ou como reage perante os actos (mudanças físicas do corpo das coisas que o rodeia: acções). O yogui começa a entender que o seu espírito é o que ele sente. Começa a saber que é mais importante Ser que Ter. (...) Porque a felicidade nunca se tem, sempre se consegue quando se é feliz. A liberdade é poder ser, porque o ter é sempre passageiro. Para ser ele de verdade tem que aprender a ser e para aprender a ser, deve comunicar-se com o seu interior, com os seus sentimentos, as suas paixões e anseios, com os seus afectos e estados anímicos. O nosso mundo afectivo é o nosso espírito. 
(...) A finalidade do Yoga desde há 5000 anos é o Samadhi, essa experiência de Plenitude existencial que nos integra com Deus, com o Universo ou com o Todo. E essa experiência só se conquista com a educação espiritual; quando dizemos educação espiritual, não nos referimos nem à educação religiosa  nem à religiosidade. Ser espiritual não significa ser religioso e ser religioso certamente também não significa ser espiritual. Referimo-nos ao espírito e à espiritualidade que a arte pode transmitir, poucas coisas são tão espirituais como a arte. A arte é a expressão do espírito. A arte expressa os nossos sentimentos. Se entendermos esta visão então podemos compreender como um asana ou posição física pode chegar a ser espiritual simplesmente pela sua atitude (predisposição para um acto).
(...)
A base da filosofia do Yoga é santosha: o contentamento, estar contente por ter nascido e ter a oportunidade de viver. Ao ver um copo com água até meio dizer "que sorte, está metade cheio" e não pensar negativamente que esta metade vazio. Procurar o que é necessário e não pensar tanto no que é desejável(...).

(...)

Espiritualmente somos o que sentimos, mentalmente somos o que pensamos e fisicamente somos o que fazemos. Mas por vezes "pensamos e fazemos" o que não sentimos e isto produz uma constante insatisfação ou duka, o que nos leva à tristeza, ansiedade ou angústia.
(...)
Os sentimentos, paixões ou emoções não fazem parte do nosso mundo mental, pois a mente é só o processo das cognicoes do ser humano.
A mente tem como unidade a ideia e a imagem, e com essa medida elabora cadeias de ideias e de imagens a que se dá o nome de pensamentos, processa lembranças e crenças, mas só interpreta imundo espiritual, sem o perceber na sua totalidade.
Se a mente não capta o nosso espírito, a vida carece de sentido. O sentido da vida não é físico e muito menos mental, o sentido da vida é absolutamente espiritual."



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